terça-feira, 24 de abril de 2012

MALDITA CHAMPANHA - Capítulo 15


Capítulo 15

Paulo pediu um café e eu não aceitei. Café? Nem dirigir eu posso. Léo pediu o dele sem açúcar. Adoro homens que pedem sem açúcar. Nem me perguntem o porquê. Odeio essa coisa de açúcar. Nem quero saber de falar em chocolate. Sim, todas as mulheres amam chocolate. Eu não. Eu não amo nada com açúcar. Isso daí é coisa de mulher fraca. Sem auto-estima. Eu sou ariana, de primeiro de abril, mas sou o máximo. Ainda mais com uma garrafa de tinto na cabeça.

O celular toca depois de décadas. Eu nem lembrava mais do idiota trancado na minha casa e a conversa da corna que tava chegando no aeroporto. Paulo iria com o baby e o velho para a agência e Léo estava liberado. Quer dizer, eu estava liberando ele. João, quase sem fôlego, me falava que tinha feito uma massa dessas instantâneas, era minha única comida na dispensa, e a mulher dele tinha ligado antes de embarcar em São Paulo. Ele inventou uma história mirabolante que mandaria alguém buscá-la pois no momentos estava preso em algo importante no trabalho. O idiota trabalha como arquiteto, daí que me lembro que a festa de ontem era o lançamento de um condomínio horizontal na Zona Sul e este panaca era um dos responsáveis pelo projeto, João não sei das quantas, um desses sobrenomes polacos de judeu que nunca consigo pronunciar. Não era feio. Mas também não era um espanhol, quer dizer, o meu falso espanhol, então nem dava pra comparar. Tomara que eu não tenho chupado o imbecil. Aliás, nem quero saber. Não quero lembrar. Já lembrei demais.

O nome da corna é Susana. Mas chama ela de Susie. E eu com isso? Não queria nem olhar pra fulana. Léo não pode deixar de escutar a conversa. Paulo está preocupado em pagar a conta e os outros não entendem nada do que eu falo. Ele sorri sem chamar a atenção e depois que termina o café pega na minha mão, aliás, pega na minha mão, que coisa, ele pega mesmo, e eu acho que vou cair pra trás, e diz que entende o que está acontecendo. Eu tento me explicar e dizer que não é nada demais e ele responde. Tu vai buscar a mulher do cara com quem tu dormiu no aeroporto. Paulo para de conversar e presta atenção no que Léo fala. Depois faz de conta que não ouviu nada e paga a conta. Os espanhóis agora também entendem algo. Paulo se levanta e se oferece para dar carona pra eles. Fico sozinha com Léo. Eu vou contigo, me diz ele. Fica mais verossímil. Não sei se agradeço ou desconfio. Mas ele pisca os dois olhos ao mesmo tempo e me pergunta se eu fumo. Estou apaixonada.


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