sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A FRAGMENTAÇÃO DA LITERATURA POP

A fragmentação é pop. A literatura submersa nas relações doentias da sociedade virtual, perdida entre verdades, mentiras e jogos irreais, se apruma em meio à confusão das redes sociais. Um post no Facebook pode ser tão literário quanto um romance. Basta fazer-se crível, ou não, em meio à balbúrdia de sentimentos exarcebados por trás do teclado de um computador ou celular.

O texto virtual é, muitas vezes, mais literário que a própria literatura. No momento em que alguém se mete atrás de um avatar, mera representação do seu eu verdadeiro, transforma-se em personagem de si mesmo. O personagem muitas vezes confuso, enfiado me fakes diversos ou em uma persona diferente, fisicamente até, do original, joga o escritor-leitor-ator em meio a outros tantos personagens a interagirem no twitter, Facebook ou qualquer outro naplicativo que venha a ser apresentado em um futuro próximo.

Os escritores-atores de suas próprias histórias se movimentam nas ruas, tiram fotos, contam o que acontece no seu dia-a-dia, o que comem, bebem, com quem conversaram, quem beijaram, treparam, suas aventuras e desejos. Emitem opiniões e discutem, confundindo realidade com o que se passa dentro de suas próprias cabeças, como se as respostas e as conversa estivessem interconectadas cérebro a cérebro, mensagens telepáticas via Internet.

Que também podem causar distúrbios na vida real. Preconceitos, racismo, ofensas gratuitas e, consequentemnete, processos penais ou meras especulações financeiras, entrepõem personagens e autores, avatares e pessoas de carne e osso. Obviamente todo esse jogo confuso também se reflete nas artes. Músicas elaboradas à distância, obras de arte expostas online, fugazes, destruídas em instantes mas compartilhadas em arquivos digitais, filmes que não são lançados, são curtidos no YouTube, substituindo o palco, o público balançando as mãos, cantando, cada um em sua própria casa, meio de transporte ou ambientes de trabalho.

A fragmentação desse mundo, entrecortado, nervoso, cut-up de cenas, memórias coletivas e textos curtos, se reflete na literatura em sua caminhada rumo ao pop. Porque a literatura deve ser pop? Porque não existe outro caminho. O caminho linear nos leva ao começo. É um círculo. A fragmentação funciona como a maré. Tudo é jogado ao mar e tudo retorna. Cada dia diferente. A literatura pasmacenta, ensimesmada na técnica das academias, retorna ao seu próprio umbigo, fugindo da interação e, portanto, se tornando instrumento do autor.

A literatura pop, que se expande e se joga em meio ao calhamaço de informações e bobagens da Internet entranha-se e se alimenta da sociedade, virtual e real. A literatura pop é um post no Facebook, são 140 caracteres no twitter. A literatura pop é uma revista de papel barato num banco de rodoviária. É o punk, o beat, a libertação pop ressuscitada em mentes conectadas. O leitor consome a balbúrdia de textos e a literatura, mesmo que em textos curtos sem aparente conexão, assume a forma de um texto complexo, definitivo, interativo, disforme.

Mas o imaginário está lá. E o imaginário do autor está lá. Suas carcterísticas, a do escritor que se interpõe e propõe o texto. Aquele que não se esquiva do combate e do debate. Seus textos espaçados por sites e redes se formam com o tempo na mente do leitor-personagem. O próprio leitor, inserido na Internet, se torna leitor e ator da história, sendo incompatível separar vida e obra tanto de autores quanto de leitores.

O que diferencia um agente ativo de um passivo nessa literatura pop fragmentada é a proposição. E aquele que dá a partida, corta em um lugar para colar em outro, assume a autoria de uma obra coletiva significada por sua personalidade e seu texto que faz a sinapse entre links e mentes, criando o imaginário em sua base: a mente humana individual. O imaginário pop. A fragmentação da vida. A expansão do texto. A literatura pop contemporânea, retrato, reflexo e personagem se seu próprio tempo.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

BREVETE: MASTURBAÇÃO

Pequeno Brevete Sobre a Masturbação
(do Livro dos Livros, fascículo XXIII)

A masturbação não existia até o advento da indústria. Eis que um dia Onam, um judeu operário de uma fábrica em Manchester, em um ato falho na fábrica de tecidos em que trabalhava, deixou a mão escapar por entre as coxas. A mão, viciada no moto contínuo da máquina de tear, continuou o movimento em seu membro que, incontinente, enrijeceu e ele gozou sobre uma malha branca que se estendia por quilômetros na tecelagem.

Karl Marx, que bebia cerveja preta em um bar próximo, ouviu a história e soube da demissão do trabalhador. Visitou-o em seu funeral, pois dias depois ele morreu em um terremoto em Lisboa, e deu-lhe a extrema unção. A masturbação causou um colapso na indústria inglesa e Marx, embevecido com o vinho do Porto que Engels contrabandeara na alfândega, fez um discurso em Berlim, chamado o putsch da cervejaria.

Noel Gallagher, 200 anos depois, cantou sobre não desejar o ódio e masturbar-se. Willhem Reich ouviu a música e fez um estudo analítico sobre o efeito da masturbação sobre a produção industrial inglesa e chegou a conclusão que se todos os jovens dirigissem sua enegria sexual para a revolução o Oasis nunca teria existido.

O Papa João Paulo I, inclusive, foi morto num surto masturbatório de um socialista. Seu nome não é revelado pela Máfia, mas nas lojas macônicas todos sabem o poder do socialismo e da oração de Marx sobre o túmulo de Onam. A masturbação é proibida entre os verdadeiros socialistas pois, além de desviar a energia sexual, leva a pederastia, um mal do capitalismo imperialista americano.

(leia mais em Gallagher, Noel)