Claro que daí carinha vai perguntar porque picas estou falando de Oasis aqui. Sim, Oasis, aquela banda que terminou onde habitavam dois irmãos, os Gallagher. Pois bem, dois quase analfabetos que se jogaram no mundo pop mesmo que quisessem ser jogadores do Manchester City e que se tivessem nascido no Rio de Janeiro teriam sido adotados por algum dessas ONG que transforma todo mundo em percussionista do Olodum. Só que para nossa literatura pop eles interessam.
As letras de suas músicas falam de amor, ódio, bebedeiras, drogas e falta de perspectivas. Peraí, meu, Tim Maia também escrevia sobre isso. Sim, Tim Maia também. E ele era muito diferente dos Gallagher? Não. Tim Maia mesmo declarou certa vez ao escutar Ed Motta: "Esse guri tem que ser corneado. Aprendar na vida. Sofrer. Depois escrever letras sobre isso." Enfim, tem que viver. Por mais grudenta que você considere uma canção do Oasis, e são, e eu gosto, elas falam dessa desorientação do ser urbano contemporâneo. Não falam por falar. Falam de dentro. E isso não se nota escutando, somente pegando a técnica da música. Não. Se sente. Como sentir milhares de quilômetros de distância? Não sei.
Aliás, sei. Keith Richards nos diz que para aprender a tocar blues ele descobriu que não adiantava ser negro. Ele tinha que se sentir negro. E foi assim, levando porrada, sendo negro no sentido mais perverso da expressão, que ele aprendeu. Não que eu queira que vocês sofram, mas boas histórias não nascem de bons sentimentos. Boas histórias nascem do sangue, da dor, da raiva, até mesmo do amor, mas do amor destruído, não correspondido, malfadado, proibido. Boas histórias são bastardas.
Então, caro amigo, se você for verdadeiro sendo sujo e mal educado, tal qual um troglodita dos Gallagher, caras que têm alma debaixo daquele carapuça midiática de malvados, você estará sendo pop. O pop não cresce em geladeiras. O pop cresce na sarjeta. É uma erva daninha. Um rato de esgoto. O pop é sujo. Mas faz bem à alma.
Ou vá escrever auto-ajuda.
A literatura pop não é só tentar ser pop. É tentar não ser limitado. É contra a literatura acadêmica, contra a literatura dos guetos, contra a literatura de auto-ajuda. Essa confusão urbana de cultura pop, classe média sem perspectivas e histórias de amor. A literatura pop é o começo e o seu próprio meio para o fim. A literatura pop é diversão e se não for para nos divertir, que se foda, pois a literatura pop também é feita disso. De foda-se!
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CARALHO! FIADAS! "O pop não cresce em geladeiras. O pop cresce na sarjeta. É uma erva daninha. Um rato de esgoto. O pop é sujo. Mas faz bem à alma."?
ResponderExcluirMESTRE!!!!!!!!!!!!!!