segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Seguindo Seu Próprio Ritmo

Não seja reticente com as oficinas. Eu não sou. Se você precisa expulsar demônios (seu psiquiatra lhe mandou escrever), cansou de escrever memorandos no escritório (é chato ser um burocrata com imaginação), petições no escritório (meu deus, você é um advogado que sabe escrever muito bem) ou acha que pode fazer melhor que aquele imbecil bem pago que escreve a novela das oito (certamente você escreveria se realmente soubesse), as oficinas podem ser um bom passatempo.

Seria maldade dizer que ninguém tira nada de uma oficina literária. Tira sim. Conheço pessoas que tiraram pessoas nas festas. Tem gente que pegou umas minas, ou uns minos, e teve gente, pasmem, que até realmente escreveu um livro. Mas nada que tenha sido alterado pela oficina. Prefiro acreditar que não. Quem escreve boas histórias ou alcança a graça de ser um escolhido (assim se tratam entre eles) entre os escritores, seria um com oficina ou sem. Se você é daqueles que só acredita em trabalho e não também na subversão do destino, não leia este blog.

Eu bem que gostaria de ser baterista. Sabe, tenho o ritmo no sangue. Eu sinto. Adoro música. Sinto o ritmo sem que exista a batida. O ritmo está ali. Como está quando dirijo, ou quando caminho ou quando digito estas palavras. Uma viadagem meio beat, tá ligado? Ritmo. Mas não rola. Tentei. Comprei uma bateria. Não tinha coordenação para acompanhar os pedais coms as mãos. Não me ligava no que tocava o resto, os outros, afinal, um baterista solitário não faz uma banda. Mesmo imaginei que poderia ser apenas um bando de punks espancando instrumentos. Quando eu tentava ainda não existia White Stripes. Mas não dava certo. Não entendo e nem consigo captar nada de notas, afinações, acompanhamento, nada. Seria apenas um frustrado em meio a tantos outros. Seria apenas mais um portoalegrense tentando ser popstar de bairro.

Nunca foi o mesmo com escrever histórias. Minhas histórias vem da cabeça. Quando escrevo elas já estavam escritas. Não existe método pra isso e nem quero que tenha. Se existem teorias, métodos, etc, que cada um guarde para si. Não tente copiar o dos outros. Isso não existe. Existe o teu. Ou crie um, que na verdade se criará por conta própria, ou desista. Lógico que, se por satisfação pessoal ou porque é menos perigoso que se encher de Lexotan ou uísque, você queira escrever. É problema seu e de mais ninguém. Existe mercado pra todos. Até para os ruins. Não sou elitista. Deusolaivre! Que os elitistas se enforquem em seus próprios diplomas e títulos. Só quero que cada um siga o seu próprio ritmo. Mesmo que seja o silêncio.

be                                        bop

Nenhum comentário:

Postar um comentário