sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Toca Um Bukowski Aí

Porto Alegre é pródiga em grupos de rock, viados e leitores de Bukowski. Não necessariamente nesta ordem e nem no grau de preconceito. Os roqueiros se subdividem em várias espécies: sessentistas, oitentistas, hippies, grunges, punks, coldplayers e todo o tipo de maneira patética de se juntar a outros e tentar ser um pop star de bairro.

Os viados, agregados, simpatizantes, lésbicas, etc. fazem parte de um grupo heterogêneo que compreende artistas, cadelinhas undergound, fugitivos do interior e castelhanos em geral. Entre em um bar, peça sua ceva e fique num canto. Se você é gay, vá dançar. Se não, fique na sua. Homens não dançam. Só quando bêbados.

E, finalmente, os leitores de Bukowski. Que, talvez, também tentem ser escritores cover do Bukowski. É assim desde que o mundo é mundo e o primeiro cretino, um ancestral do Bukowski, resolveu quebrar um bar por ser idiota, apanhar, tomar um porre, comer uma mina gorda fedorenta e escrever com detalhes sobre tudo isso. Foi o começo do fim. Qualquer um que considere juntar uma vogal depois de uma consoante ser genial se acha no direito de encher a cara e voltar pra casa arrastando os pés cheios de vômito e mijo e escrever sobre noitadas obtusas e a imbecilidade da América.

Só que você não nasceu na América. Você é um subtropical desgraçado de uma cidade mundana e perdigota chamada Porto Alegre (mas poderia ser Curitiba, São Paulo ou Salvador que daria no mesmo) e não é Bukowski. Você é a merda que você é. Uma merda multiplicada dentro de você pela porcaria de vinho doce que tomou na frente do Bell's ou do Bambu's (pros mais velhos uma katcha do morcego no João; John's é pro William Burroughs, manés).

Você acha que escreve bem porque emula textos ruins do Bukowski. Só que Bukowski escrevia textos ruins emulando Gorki, o bebum russo assassinado pelo Stalin. Bukowski não era um perdedor porque curtia. Ele era um perdedor porque era um alemão feio que nem um cão, sexualmente recalcado, odiosamente cretino e nem um pouco afeito à normas socias de bunda moles como tu.

E mesmo que você queira que amem Bukowski e veja Bukowski em todos os contos ou romances em que rolem putaria, bebedeiras ou violência gratuita, não é. Cada um é o que é. Bukowski nem era melhor ou pior por conta disso. Claro que quando aqueles outros, os acadêmicos (e outros que acham que sabem de vida) falarem que Bukowski era um analfabeto idiota, você vai brigar. E com razão. Você é um cover, mas não é um calhorda. O que é bom, é bom.

Só não adianta tentar imitar.

original e cópia
(ou o contrário, sei lá)

Um comentário:

  1. Curti o texto, curti o blog, que não sei porque só conheci agora. Legal. Voltarei.

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