segunda-feira, 30 de julho de 2012

NÃO SOU FILHO DE ALEMÃES

Acabei de cochilar no sofá enquanto o Lorenzo assistia TV.
Tomei um copo de Grapette e comi 3 bolachas água e sal.
Estou com frio mas, tipo, foda-se.
Tenho um fone ouvido que funciona um lado só.
A gata corta os fios dos fones. Maldita.
Isso aqui poderia ser a porra de um poema
se eu me chamasse Charles e fosse filho de alemães.
Não é. Não sou nem filho da puta.
Se você poderia estar rico.
Se estivesse rico talvez tivesse uma coleção de fones de ouvido,
muitos deles indestrutíveis por gatos.
Poderia ter muitos gatos, talvez muitos filhos.
Estaria bêbado,
pois os ricos que não vivem bêbados não merecem viver.
Eu teria um time de rugby que se chamaria Red,
assim em inglês, como bom burguês,
e treinaria nos dias ímpares pois não gosto dos pares.
Meu bar ficaria no porão
(adendo: eu teria um porão, o maior da cidade)
e convidaria pessoas do meu naipe
(baixo, indigesto, porém sincero)
e vez ou outra escolheríamos algum cretino para bater.
Assim, por nada, como convém bater em cretinos.
Mas o Grapette acabou e a bolacha se acumula nos cantos
dos sisos que nasceu depois dos 30.
É, pelo jeito terei que escutar música num ouvido só.
Muitas vezes é preferível ser mono a estéreo.
Pelo menos sei que não estou escutando vozes.
Ou estou?
Foda-se, Lorenzo não vai dormir tão cedo mesmo.
Melhor esquentar o café da tarde.
É difícil não ser Charles.
Nem filho de alemães.

(a imagem é roubada, aliás, como tudo que escrevo é)


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